quarta-feira, 29 de junho de 2011

Repouso...

Preciso de um lugar para repousar
Onde eu tenha o vento cantando aos meus ouvidos
O verde colorindo meus olhos
Amigos que surjam da estrada livre
Assustando os animais com o barulho do motor
E sorrindo ao meu encontro,
Crianças que brotem das fotografias em velotrois
Uma surpresa no forno para o jantar
Com uma esposa nos traços da minha mão
Completando meus desenhos e bordando em meu corpo
Contando historias ao nosso adormecer
Preciso de um repouso, em algum lugar

sábado, 18 de junho de 2011

Velhice...

Vejo minhas memórias sendo escritas em meu corpo
Sinto as palavras formando minhas curvas
Seus acentos tomando minhas rugas
Me vestindo com uma palavreada pele
Escuto os estalos da alma se abrindo
Adaptando novas cenas nessa biografia elástica
Proteção de epiderme, contenção de derme
Tanto pouco falha e sempre incompleta
Já me enxergo turva e mal adaptada
Como as folhas de outono caídas no chão
Arrastadas pelo vento sempre p\ mais distante
Temendo ver seus escritos despedaçados
Corpo seco, caindo de pedaço em pedaço
Junto com as folhas e palavras carregadas pela minha velhice
Coberta de historias, palavras e passageiros

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Forró s2

Vai ter que fazer a delicadeza de me desculpar
Mas o meu forró não adianta nem você tentar
Esse eu não dou, não vendo, não troco, não tá pra alugar
Meu forró é meu rebento, feito de contratempo
É meu mais rico alimento,
Fundamental pro meu sustento e eu não pretendo largar
Vai ter de fazer a delicadeza de me desculpar
Mas o meu forró não adianta nem você tentar
Esse eu não dou, não vendo, não troco, não tá pra alugar
Meu forró é meu rebento, feito no contrabando do tempo
É meu mais rico alimento,
Fundamental pro meu sustento e eu não pretendo largar
Só vendo mesmo
Se eu não tiver mais ao que apelar e aí vai oco, vai sem sentimento
Que esse elemento eu não consigo separar
Pra ser sincero é preciso que o peito saiba forrozear
Que nele bata um coração que saiba levar
Mas esse eu não vendo, querendo vai ter que roubar

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tempo...

Talvez ainda não tenha me esclarecido nesse aspecto
De que por horas me preocupo com tudo
Por dias me preocupo com nada
Por horas e por dias o nada me escorre pela boca
E os desenhos dos beijos formam teu nome com facilidade
Por vezes me escondo debaixo de palavras
Essas que me cobrem e aquecem
Por minutos te deixo me aquecer
Por hora tenho me permitido
Por dias tenho me esquecido
Me fazendo maleável novamente
Entrando em um mundo novo
Onde tenho o nada e o tudo
Então me esclareço
De que por hora não estou mais deserto

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Rebento...

Nesse caminho de redenção diária
Já murchei flores
Conquistei amores
Desfiz jardins
Compensando farpas com gestos
Seguindo nesse rebento
Faço do teu colo meu santuário
Me desfazendo em ti com o cair da noite
Raiando o dia e me forçando
A abrir os olhos ainda embaçados
Vejo em ti meu redentor
Apontando novos caminhos
Onde posso renascer flores
Florescer amores
Finalmente, crescer em mim

quinta-feira, 2 de junho de 2011

As vezes um clichê...

Esses clichês que sempre nos atravessam
Mais uma vez apareceu
Quebrando todas as regras
Provando que os clichês nem sempre são iguais
Gestos são as provas
Tenho a proteção desse abraço
O carinho desse beijo
E o poder de cura dessas palavras.
Nem todos os clichês são iguais
Tenho tido paz em mim
Sem brigas entre a razão e a emoção
Todos estão de um lado só
Onde eu espero estar,
Com você
Nesse infinito de tempo
Que tem sido nosso...